15.4.10

"Eduardo era o género de pessoa que não precisa de fazer caretas nem de dizer graças. Entregava à imagem um olhar estranhamente autêntico. Tratava-se de um rapaz sério. A seriedade notava-se-lhe na voz, funda e magoada como uma partitura antiga. As palavras dele demoravam a fazer-se entender, porque era quase impossível separá-las da voz que as animava. E também porque ele preferia as palavras difíceis. Ou talvez apenas não tivesse ainda encontrado as outras, as palavras da revelação.
Creio que se apaixonaram um pelo o outro nessa mesma noite.
...
Incomodava-a o alvoroço que lhe tomava o coração, queria fazer de conta que nada se estava a passar.Eduardo lançava-se no discurso e perdia-se a meio de uma frase. Não tinha medo de se perder; sabia que é esse o preço da inquietação.
...
Camila deixara de procurar a salvação. Estava apaixonada, a salvo da desilusão do mundo. ... "

-excerto Nas tuas mãos

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